Um pouco da história da ABGLT
A atual missão da ABGLT é:
“Promover ações que garantam a cidadania e
os direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais,
contribuindo para a construção de uma sociedade democrática, na qual nenhuma
pessoa seja submetida a quaisquer formas de discriminação, coerção e violência,
em razão de suas orientações sexuais e identidades de gênero”. Neste sentido, a
associação desempenha um papel de representação destes segmentos e articulação
junto ao Executivo, ao Legislativo e ao Judiciário, visando cumprir sua missão.
Em relação à criação da ABGLT, a Plenária
Final do VII Encontro Brasileiro de Lésbicas e Homossexuais, realizado no
Instituto Cajamar (São Paulo) entre 4 e 7 de setembro de 1993, decidiu pela
“constituição de uma Comissão (Rede/Associação) Brasileira de Direitos Humanos
para Gays e Lésbicas”.
No decorrer do ano de 1994 foram realizadas
tarefas, como a elaboração do estatuto e da carta de princípios
(www.abglt.org.br/port/cartaprinc.php), e houve uma reunião presencial
preparatória com participação expressiva em Curitiba nos dias 30 e 31 de julho
daquele ano.
A fundação da organização, que foi batizada
com o nome “Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis – ABGLT”,
ocorreu em 31 de janeiro de 1995, durante o VIII Encontro Brasileiro de Gays e
Lésbicas, na cidade de Curitiba. A associação teve 31 grupos fundadores, sendo a
maioria das organizações LGBT existentes na época.
A formação de ABGLT representou um marco
importante na história do movimento LGBT brasileiro porque possibilitou a
criação de uma instância de abrangência nacional de representação com capacidade
e legitimidade para levar as reivindicações do segmento até o Governo Federal, o
que até então havia sido impossível. Foi uma estratégia que, ao mesmo tempo,
ajudou o movimento LGBT a se organizar no país e também deu uma voz a um
segmento da sociedade tradicionalmente marginalizado, contribuindo assim para a
promoção de seus direitos humanos.
A ABGLT tem
cumprido o papel de representação nacional e de organização do movimento. Quando
de sua fundação em 1995 havia menos de 40 grupos LGBT em todo o Brasil. Hoje tem
mais de 300. Não havia nenhuma parada LGBT, hoje tem mais de 250, muitas em
cidades do interior. Hoje há políticas públicas para LGBT, com uma Coordenação
LGBT dentro da estrutura da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República, e o Conselho Nacional LGBT com representação paritária do governo e
da sociedade civil. A ABGLT não conseguiu tudo isso sozinha, mas sempre esteve à
frente desse processo.
Além dos direitos
humanos, a ABGLT também tem tido atuação na área do enfrentamento da epidemia do
HIV e Aids. Juntos a ABGLT e o Programa Nacional, após um desafio
lançado pelo então coordenador Dr. Pedro Chequer no IX EBGLT em 1997 em São
Paulo, construíram o Projeto Somos no final dos anos 1990. Começando como um
projeto piloto com 4 grupos gays capacitando outros grupos incipientes nos temas
de desenvolvimento organizacional, prevenção e advocacy, no seu auge por volta
de 2005/2006, o projeto chegou a abranger 270 grupos em 220 municípios em todas
as regiões do país.
A ABGLT
participou ativamente na construção conjunta (com o Governo Federal) do Programa
Brasil Sem Homofobia, lançado em 2004 com 53 ações voltadas para a promoção da
cidadania da população LGBT. Depois do lançamento do Programa, a ABGLT atuou com
presença marcada durante os dois mandatos do presidente Lula, realizando ações
de advocacy no Congresso Nacional e junto aos Ministérios. Essa atuação
contribuiu para vários avanços com as políticas públicas afirmativas para LGBT e
a ABGLT foi entre as organizações da sociedade civil que participou da
organização da 1ª Conferência Nacional LGBT em 2008. Um marco na história
mundial.
Na área da educação, um desdobramento do Programa Brasil Sem
Homofobia foi a aprovação de uma emenda parlamentar articulada pela ABGLT no
final de 2007, que permitiu o desenvolvimento do Projeto Escola Sem Homofobia,
em parceria com várias organizações de renome, bem com o próprio Ministério da
Educação. O Projeto teve vários produtos, incluindo: a realização um seminário em cada região
do país a fim de obter um perfil da situação da homofobia na escola a partir da
realidade cotidiana dos envolvidos; a realização de uma pesquisa qualitativa
sobre homofobia na comunidade escolar em 11 capitais das 5 regiões do país; e a
criação de um conjunto de materiais educativos com conteúdos teóricos e
sugestões de atividades que ajudam a identificar e erradicar a
homo-lesbo-transfobia do ambiente escolar, direcionado para gestores(as) e
educadores(as). Como resultado de pressão de parlamentares fundamentalistas
religiosos, os materiais educativos foram suspensos pela presidenta da república
em maio de 2011. Apesar de não ter sido aplicado pelo Governo Federal, foi
mobilizada uma grande discussão sobre a educação no país e o material foi
divulgado pela Nova Escola com milhares de downloads, o que superou em muito a
quantidade que o governo iria imprimir.
Em 27 de julho de 2009 a ABGLT ganhou status consultivo junto ao Conselho Econômico e
Social (ECOSOC) das Nações Unidas. A ABGLT foi a primeira organização LGBT nas Américas a receber o status consultivo. Esse
status garante as organizações da sociedade civil a participação nos eventos das
Nações Unidas, bem como poder falar em seu próprio nome durante as atividades
que participa. A participação
efetiva das organizações LGBT, como a ABGLT tem feito, tem contribuído de forma decisiva para a ampliação da atenção dada pela ONU
à violação de direitos humanos e à discriminação por orientação sexual e
identidade de gênero que ocorre pelo mundo.A ABGLT tem participado de vários
encontros junto ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas; a Organização
Mundial de Saúde; a Organização Pan-Americana de Saúde; a UNESCO; a UNICEF, a
UNAIDS, etc. contribuindo na elaboração de documentos e consultas sobre a
relação da população LGBT e os temas discutidos por cada uma das agencias
(saúde, educação, trabalho, direitos humanos, entre
outras).
A ABGLT foi
amicus curiae no Supremo Tribunal Federal em relação da Arguição de
Descumprimento de Preceito Constitucional nº 132, promovida pelo governo do
estado do Rio de Janeiro; e a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4277,
interposta pela Procuradoria-Geral da República, ambas sobre o reconhecimento da
união estável homoafetiva. Por diversas vezes a ABGLT teve audiências com
ministros(as) do STF, prestando esclarecimentos. Em 5 de maio de 2011, o STF
reconheceu unanimemente o direito à equiparação da união homoafetiva à união
estável entre casais do mesmo sexo.
A ABGLT tem como
prioridade a criminalização da discriminação e da violência motivadas por
orientação sexual e identidade de gênero e vem apoiando constantemente
proposições no legislativo e no judiciário voltadas para esta
finalidade.
Periodicamente desde 2005, a ABGLT realiza Congressos onde aprova teses a
defina suas prioridades de atuação para o próximo período. O 5º Congresso da
ABGLT foi realizado em Niterói em 2014.
No decorrer de sua
história, a ABGLT tem tido representação em instâncias nacionais de controle e
participação social. Atualmente tem representação no Conselho Nacional de Saúde,
Conselho Nacional de Segurança Pública, Conselho Nacional LGBT, Conselho
Nacional de Direitos Humanos, Conselho Nacional de Juventude, no Fórum Nacional
de Educação e na Comissão de Articulação com os Movimentos Sociais do
Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites do Ministério da Saúde.
A ABGLT já foi
reconhecida por sua atuação, tendo recebido, entre outros, o Prêmio de Direitos
Humanos do Governo Federal em 2007, a Ordem do Mérito Cultural em 2008, o Prêmio
Aliados e o Prêmio Arco-Íris.
Hoje a ABGLT hoje a
ABGLT é uma rede consolidada com 308 entidades LGBT e congêneres
afiliadas.
ABGLT - 20 anos
contribuindo para um Brasil sem discriminação e com liberdade de orientações
sexuais e identidades de gênero.
Toni
Reis
Secretário de
Educação da ABGLT - mandato 2013-2016
Presidente da
ABGLT - mandatos 1995-1998 e 2006-2012
Secretário
Internacional de ABGLT - mandatos 1998-2003
Secretário
Geral da ABGLT - mandato 2003-2006
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